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8 de novembro de 2019

No oceano de seu peito havia uma pequena ilha habitada por bichos exóticos e um farol cor de terra que exibia seus tijolos à vista, sobrepostos um a um. Cada tijolo representava um pensamento; alguns eram novos, lisinhos, lindos, como se recém tivessem saído da fornalha. Outros, no entanto, mostravam-se tão desgastados, que pareciam mais como mapas de algum lugar perdido, muito distante.

Lucas era um menino alegre, não tinha medo de nada. Adorava colecionar palavras e vivia juntando uma daqui, outra dali e as guardava no farol! Um belo dia se deu conta que com tantas palavras poderia arquitetar algumas ideias. Pegou um pequeno caderno, desses que ficam jogados num canto qualquer e, logo após abrir uma página, solfejou seu primeiro verbo.

Este pegou uma carona com o vento que por ali cruzava e agarrou-se à linha da primeira folha que encontrou. Uau! Lucas, encantado com tamanha proeza, logo começou a solfejar mais e mais palavras que, estranhamente, como num passe de mágica, aninhavam-se à pauta. Contornando a brochura, viu que sua história estava bela, mas incompleta. Algo estava a faltar, mas o que seria? Nessa construção, havia colocado vários tijolos, escolhera os mais belos… Então, porque parecia faltar sentido? Resolveu ir até o farol para refletir sobre seus pensamentos.

Deparou-se com a porta entreaberta, como a lhe fazer um convite para entrar. Estava um pouco escuro lá dentro! O menino teve medo pela primeira vez ao perceber que somente os tijolos mais feios e deformados formavam o alicerce do seu farol. Nesse instante, outras palavras adormecidas começaram a despertar. Traziam-lhe lembranças dolorosas, momentos dos quais não gostaria de recordar, pois preferia viver sua fantasia paradisíaca na superfície. Ficou parado ali durante muitos Invernos, não desejava entrar, sabia que teria que olhar para aqueles tijolos. Até que uma Primavera chegou trazendo consigo alguns livros, cuja leitura aguçaram a sua sede de viver.

Logo depois, o Verão no canto dos pássaros jogou folhas ao vento, encantou seu peito e foi dissipando, aos poucos, seu medo. Lucas, então, compreendeu que precisava seguir solfejando ou congelaria na próxima estação. Voltou a pegar seu pequeno caderninho e, sem hesitar, libertou as palavras que ainda lhe soavam estranhas, mas que, juntas umas às outras, deram sentido à sua história. Neste dia o milagre aconteceu, o farol iluminou o caminho para uma nova história.

Boa Reflexão…

Gisela Purper Barreto – Escrita Criativa – Psicóloga clínica/Pós-graduada em Arteterapia

Contato: 98584.3945 – Clínica na  Rua 7 de setembro, 289 – Centro Assistencial Freitas – 3º andar