10 de fevereiro de 2020
O meu corpo dói, minhas pernas travam, elevo meus pés e eles repousam sobre a cadeira. A harmonia do meu corpo há muito me abandonou.
Todos os dias levanto cedo, me arrasto até o trabalho e, quando lá estou, vejo minha sala, a cadeira, o computador, os papéis e sinto que esse lugar não é meu. Não tenho um espaço para mim em minha vida. As horas passam e volto para casa.
Tomo banho e vou para o meu quarto onde vejo roupas espalhadas, a cama desalinhada, muitos livros empoeirados na estante… Percebo que esse quarto não é meu. Persisto nesta minha bagunça refletida fora de mim. Saio à noite na ilusão de um encontro que me salve do meu ser.
Entendo que estando na rua o “tempo todo” estou exposta a toda a sorte de intempéries e, assim como em meu quarto, estou misturada a tudo. Ainda assim, não “sinto” ter um lugar que seja meu, no mundo. No dia seguinte acordo com febre, dor de cabeça, ânsia de vômito. Aceito conselhos e vou ao médico à procura de um diagnóstico que dê sentido à minha dor.
Realizo alguns exames e, enfim, “tudo se resolve”: já posso dar um nome a meu problema. Medicada, sigo procrastinando organizar a minha bagunça…
Boa Reflexão…
Gisela Purper Barreto – Escrita Criativa – Psicóloga clínica/Pós-graduada em Arteterapia
Contato: (51) 985843945